Estudo sobre transplante cardíaco com participação do Hospital de Messejana recebe destaque nacional em congresso de cardiologia
26 de setembro de 2025 - 11:35 #Transplante Cardíaco
Assessoria de Comunicação do Hospital de Messejana
Texto: Jessica Fortes
Fotos: Arquivo pessoal
Um trabalho científico desenvolvido por estudantes de Medicina de uma universidade de Fortaleza, sob supervisão do cardiologista Jefferson Vieira, integrante da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), conquistou o terceiro lugar na modalidade Iniciação Científica Oral, durante o 80° Congresso Brasileiro de Cardiologia. O evento, realizado entre os dias 18 e 20 de setembro de 2025, em São Paulo, é considerado um dos mais importantes da especialidade no país.

Intitulado “Impacto do uso de substâncias por doadores na sobrevivência dos receptores de transplante cardíaco: uma revisão sistemática e meta-análise”, o estudo avaliou a influência do histórico de uso de drogas em doadores nos desfechos clínicos de receptores de transplante cardíaco.
A pesquisa analisou dados de 189.935 receptores, dos quais 33.393 receberam corações de doadores intoxicados. As substâncias mais prevalentes foram cocaína (34,9%) e álcool (14,2%). Os resultados mostraram que, de forma geral, não houve diferenças significativas na mortalidade ou na rejeição do enxerto, reforçando a viabilidade do uso desses órgãos. A única exceção foi o tabagismo, associado a piores desfechos pós-transplante.

Segundo Jefferson Vieira, a pesquisa amplia um trabalho iniciado em 2021, durante seu pós-doutorado em Harvard, também em parceria com o Hospital de Messejana:
“Na época, investigamos especificamente o impacto da cocaína no coração de doadores e mostramos que não havia aumento de risco para os receptores. Esse estudo foi o maior sobre o tema até então e contribuiu para mudar a Diretriz Internacional de Transplante, que passou a recomendar a aceitação desse tipo de órgão”, explica o médico.
O novo trabalho amplia a análise para outras substâncias, como álcool, maconha e cigarro, reunindo dados de diferentes estudos publicados na literatura científica. A meta-análise confirmou que a maioria dessas drogas não altera de forma significativa a sobrevida dos receptores de transplante cardíaco.

Referência nacional em transplante cardíaco e pioneiro em procedimentos de alta complexidade cardiovascular no Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital de Messejana teve participação central por meio de sua equipe especializada. Para Jefferson Vieira, a premiação reforça o papel da instituição como espaço de assistência, formação e inovação:
“O transplante cardíaco é uma das áreas mais complexas da cardiologia, e pesquisas como esta ajudam a aprimorar a segurança no processo de seleção de doadores, contribuindo diretamente para salvar mais vidas”, ressalta.
Com mais de duas décadas de experiência em transplantes, o Hospital de Messejana se consolida cada vez mais como centro de referência assistencial e polo de produção científica, fortalecendo sua posição no cenário nacional.