HM destina leitos exclusivos para pacientes com capacete Elmo
15 de abril de 2021 - 03:00
O capacete Elmo, equipamento de respiração artificial não invasivo, tem contribuído para o tratamento de pacientes com quadro leve ou moderado de Covid-19 internados em unidades de saúde da rede estadual. No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, uma unidade semi-intensiva, com 12 leitos, vai receber e monitorar pacientes em uso da terapia.
Os resultados são satisfatórios: 60% dos 75 pacientes atendidos na unidade Elmo não necessitaram de intubação e evoluíram sem precisar de internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
O mesmo percentual é registrado no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv). De cada 10 pacientes que usaram o dispositivo na unidade, seis não precisaram ser intubados. O índice permaneceu ao longo de nove meses de utilização do aparelho.
Hospital de Messejana
Na quarta-feira (14), o superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE) e idealizador do capacete Elmo, Marcelo Alcantara, visitou a unidade que ele chamou de “sala de aula de elmoterapia” e acompanhou de perto os resultados obtidos pela equipe.
“Em um curto tempo, o Hospital de Messejana montou uma unidade onde se tem 12 pacientes utilizando o capacete, de forma simultânea, de maneira correta, bem indicada, monitorada e acompanhada por uma equipe multiprofissional. Aqui é uma sala de aula. Qualquer profissional de saúde que queira aprender como se faz a aplicação do Elmo poderia passar um estágio aqui no HM”, enfatiza.
O aparelho foi fundamental para a melhora do quadro de saúde do aposentado Eliezio Pontes Gondim, de 58 anos, que chegou à emergência do HM com falta de ar e tosse seca no dia 6 de abril. A terapia com o Elmo durou três dias. “Eu me senti bem, consegui respirar, me alimentar e fiquei bem tranquilo com o capacete. Já não sinto mais cansaço e não vejo a hora de ir para casa”, diz o aposentado.
Diminuição da necessidade de leitos de UTI
Para a pneumologista intensivista Isabella Matos, que atua na unidade Elmo do HM, a experiência tem alcançado resultados favoráveis graças ao empenho de uma equipe capacitada. “Temos implementado cada vez mais fluxogramas e isso aumenta a nossa curva de resultados. Além de evitar a intubação, nós diminuímos a necessidade de leitos de UTI, os riscos de complicações atrelados à intubação e possibilitamos um tratamento mais humanizado. Uma equipe preparada identifica melhor o paciente que está ou não se adaptando à elmoterapia e dá o seguimento correto ao tratamento”, ressalta.
O Hospital de Messejana foi a primeira unidade da rede pública de saúde do Ceará a receber o equipamento que trata quadros clínicos moderados e também auxilia casos em início de gravidade, após testes clínicos. Em janeiro, os primeiros profissionais foram treinados e tornaram-se multiplicadores do aprendizado. Atualmente, 313 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem, já foram capacitados.