Hospital de Messejana reduz índice de infecções relacionadas à assistência à saúde
15 de abril de 2019 - 03:00
A implantação dos protocolos de segurança do paciente, o monitoramento e o treinamento constante dos profissionais de saúde são fundamentais para a redução de infecções hospitalares. Com ações de prevenção e redução dos índices de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), do Governo do Ceará, reduziu em 46% os casos de IRAS na Unidade de Terapia Intensiva Respiratória adulto (UTIR).
A redução é resultado da implantação do Projeto Colaborativo Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil. Esse projeto faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde, em parceria com Hospital Moinhos de Vento (RS), Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), Hospital Israelita Albert Einstein (SP), Hospital Sírio Libanês (SP) e Hospital do Coração (SP).
A UTIR é a unidade piloto do HM para esse projeto, implantado há dois anos no hospital. O Hospital do Coração de São Paulo, é responsável por capacitar e monitorar todo o trabalho da equipe do Hospital de Messejana e realizar visitas presenciais a cada quatro meses. De acordo com Daniel de Sousa, diretor-geral do HM, a qualificação e trabalho realizado em equipe pelos profissionais do HM são fatores importantes na conquista de bons resultados, especialmente no que se refere à segurança do paciente.
“Graças a adesão de vocês, este projeto hoje é uma realidade. Em uma UTI, uma sepse a menos é uma vida a mais. Sem o trabalho de vocês, estes resultados não poderiam ser alcançados. É um desafio muito grande, mas vocês estão conseguindo e certamente vão inspirar outros profissionais na ampliação desse projeto”, agradeceu o diretor-geral do HM à equipe da UTIR, unidade piloto do projeto, em reunião no último dia 8.
Projeto Colaborativo
O Hospital de Messejana é um dos 119 hospitais públicos selecionados em todo o Brasil que integra o Proadi-SUS. O Institute for Healthcare Improvement (IHI) também participa do Projeto Colaborativo. A instituição é referência internacional em melhores práticas de saúde para o paciente.
Por meio do projeto, os profissionais do hospital, principalmente os que atuam nas UTIs, são orientados diariamente para o cumprimento de protocolos que trazem medidas para reduzir as infecções. Os indicadores foram propostos pelos hospitais parceiros. O Hospital do Coração (SP) realiza visitas presenciais a cada quatro meses no Hospital de Messejana.
O programa tem duração de três anos. O objetivo principal é reduzir em 50% as infecções relacionadas à assistência nas UTIs, como a infecção primária de corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central (IPCSL), pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e a infecção do trato urinário associada ao cateter vesical (ITU-AC).
“Referente a IPCSL, por exemplo, a incidência já era zero. Então passamos a monitorar outro indicador, o número de dispositivos-dia entre infecções, e estamos há sete meses sem ocorrências. Sobre ITU-AC reduzimos de 5,94 para zero. E PAV, já estamos há quatro meses sem infecção. Em números gerais, a unidade conseguiu reduzir em 46% os casos de IRAS na UTI Respiratória adulto, unidade piloto de implantação do projeto”, explica Kamilla Sindeaux, enfermeira e gestora do projeto no HM.
Além da redução das infecções, o projeto também traz ao hospital melhorias nos processos de trabalho e cuidados que envolvem não apenas a equipe assistencial, mas também integrantes da diretoria e parte administrativa da instituição. “A colaborativa nos provoca uma reestruturação na dinâmica de trabalho multiprofissional, tornando os profissionais protagonistas de todas as mudanças implementadas. Além disso, nós passamos a estimular o envolvimento do paciente e da família na assistência e ainda desafiamos o olhar dos profissionais para redução de custos”, ressalta Kamilla.
Troca de experiências
No início de março, representantes de todos os hospitais selecionados para o projeto, estiveram reunidos em São Paulo na Sessão de Aprendizagem Presencial – SAP5. O evento que ocorre a cada quatro meses, tem como objetivo compartilhar as evoluções, trocar experiências e treinamentos sobre a metodologia utilizada.
Um dos próximos passos do projeto será a formação da equipe RAR (Relatório Abrangentes de Resultados), que acompanhará os resultados da colaborativa, seguindo o triplo objetivo que embasa a metodologia: melhorar a saúde da população, melhorar a experiência do cuidado e a redução dos custos.
Sobre o projeto
O Modelo de Melhoria da Ciência, proposto pelo programa, baseia-se na adaptação e multiplicação de um conhecimento já testado, o que trará muitos benefícios para todos os hospitais participantes. A estimativa do projeto é salvar 8.500 vidas nas UTIs dos hospitais participantes. Com o aprendizado obtido, outros setores da instituição poderão implementar as práticas que resultaram em melhorias ampliando ainda mais estes números